Celso Portiolli em entrevista ao Estadão

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Celso Portiolli já teve salário de R$ 500 e tapou muito buraco até virar o azarão do SBT

Keila Jimenez – O Estado de S.Paulo

Estepe, tapa-buraco, quebra-galho. Não são poucos os apelidos que Celso Portiolli ganhou ao longo de sua carreira no SBT. Como 12º filho, estava acostumado a herdar roupas dos irmãos. Mas cansou. Tanto que estava disposto a sair da emissora, quando Gugu Liberato foi para a Record e o Domingo Legal cruzou seu caminho. Sorte. Dele, que ficou com uma das principais atrações da casa, e de Silvio Santos, que enfim parece ter encontrado a canastra certa para seu o curinga.

Como você soube que assumiria o ‘Domingo Legal’?
Era uma fase de decisão na minha carreira, talvez não renovasse contrato, afinal, ia ficar na geladeira até quando? Tinha uma cobrança do público: “O Portiolli não reclama, não briga, tá acomodado no SBT”. Estava no meu limite, estava planejando minha carreira. Se não fosse no SBT, seria em outro lugar.

Quando surgiu seu nome para o Domingo Legal, acreditou que seria você?
Com os boatos, comecei a pensar nessa possibilidade, porque, dos apresentadores, tinha um cara que não estava com projeto na mão, e tinha um projeto sobrando (risos).

É verdade que você teve só uma semana para se preparar ?
(risos) Que semana? O Silvio me chamou na quinta-feira, falou da saída do Gugu, e mandou eu voltar na sexta para responder, que já teria gravação. Ele falou que o programa seria de sábado. Eu disse que não queria de sábado. Voltei na sala dele e disse que não ia ficar: “Sábado legal não!” Conversamos e então ele topou manter no domingo. Na sexta mesmo assinei e entreguei um apartamento que o Gugu tinha começado no quadro Construindo um Sonho.

Não deu medo pegar o bonde andando?
O que me deu preocupação foi pegar os quadros mais tristes, que dão casas para as pessoas. Estava acostumado a fazer aquela coisa: “Alô Bom Dia? Você quer a bolinha vermelha ou a branca?” O tom é outro. Senão você parece aquela pessoa superfeliz naquela situação triste.

Você parece desconfortável na prova da piscina.
Tenho um acordo para não ter imagens impróprias para o horário, não tem mais aqueles closes na bunda das moças. No começo, estava mais desconfortável, agora estou pegando o jeito. Logo meto um churrasco lá. Não parece uma laje, aquele quadro? (risos).

Esses quadros de assistencialismo do programa o incomodam?
Não. Até porque acho que minha pegada é outra. Quando estou ouvindo aquelas histórias tristes, tento levar a coisa para cima. Não enfio a faca e viro, sabe? Tem gente que diz que não emociono, mas vou fazer o quê? Tenho anos de SBT e todos conhecem meu jeito.

Você começou no SBT no ‘Topa Tudo por Dinheiro’?
Eu tinha 23 anos, era radialista e mandei uma fita para o Silvio pelo cara que cuidava do microfone dele na época, o Joaquim. Ao mesmo tempo, mandei ideias para o Câmera Escondida, Pegadinhas. Aprovaram sete ideias. Vim receber um dinheiro por elas e quem me pagou foi o próprio Silvio. Ele me contratou por R$ 500 reais por mês para ter ideias para os programas.

Mas como você entrou no ar?
Comecei a participar da Câmera Escondida por acaso. Ia fazer externas, soprava textos para atores. Um dia, a gente estava com a câmera contra luz, não dava para ver as pessoas na gravação. Como sou alto, estava com uma camisa escura, me mandaram ficar na porta para tapar a luz. Minha primeira aparição na TV foi de tapadeira. Depois gravei umas pegadinhas, que o Silvio gosta de reprisar até hoje. Meti as caras em produção, edição, até na técnica: fazia de tudo.

Quando veio um programa seu?
Foi o Passa ou Repassa. Foi quando começou a saga “Fulano saiu, pega o Portiolli” (risos). Aí, Angelica saiu e o Silvio a avisou, de pirraça: “Se você for embora para a Globo, vou botar um menino aí da produção no seu lugar. Você vai ver!” Então ele me chamou. Meu primeiro dia no palco, 250 alunos na plateia, entrei e passei a marcação do palco. O diretor gritou: “Você parou no lugar errado!”. Tomei um salva de vaias… Nunca vou esquecer da galera me zoando.
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Gosta da fama de curinga?
Eu substituto os outros, quero ver me substituírem. Entrei no lugar de muitos. Quem entrou no meu lugar?

Não é ruim pegar um programa com a cara de outra pessoa?
Eu sou o 12º filho, sempre usei roupa dos outros (risos).

Mas você estava querendo roupa nova no SBT, não?
Estava. Mas, de tudo, o que fiquei mesmo constrangido de fazer foi entrar no lugar da (Adriane) Galisteu no Charme. Entrei no programa dela, com a abertura dela. Me avisaram em cima da hora. Foi terrível. Logo depois veio a geladeira, e fiquei só fazendo merchandising.

Foi duro ficar na geladeira?
Nossa, fiquei quase dois anos. Procurei até um terapeuta, estava triste demais. Pior foi o Silvio, que ficou sabendo. Fui em um programa dele e ele falava: “O Portiolli tá triste, o Portiolli vai se matar, rá-rá-rai” (risos).

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Fonte: ESTADÃO

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