Confira a entrevista ao Jornal O Estado de SP, do Ceará do “Pânico na TV”

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A bizarra dentadura que usa para brincar de Silvio Santos lhe dá ânsia. Mas, mesmo sem seus disfarces, Wellington Muniz, o Ceará do Pânico na TV!, faz rir. Diverte até como adestrador ao perguntar para o seu cão se ele prefere: “Silvio Santos ou Raul Gil?” O mascote uiva parecendo responder “Rauuuuuul”. Despachado, anda pela casa descalço enquanto comenta os recordes de audiência que o programa tem alcançado atualmente na Rede TV!. “11 pontos. Ficamos até na liderança, sabia?” Fruto de um sucesso nada passageiro da trupe, e de Ceará – até seu porteiro o chama assim –, que vem provando ser um mil faces no humor. As paródias de Silvio Santos e Clodovil foram só o começo.

Perfeccionista, o humorista abre a internet para comentar o vídeo de um troféu recente: a entrevista que fez com Marília Gabriela, vestido de Gaby Herpes, sátira à jornalista. Está produzindo agora a paródia de José Luiz Datena, o escandaloso Dantena, e uma versão de Hebe Camargo. Enquanto explica como compõe seus personagens, atende o Repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa) ao telefone, que quer um dica de vinhos. “Rodrigo, você quer beber coisa boa sem colocar a mão no bolso?”, brinca ele, enquanto fala do seu maior sucesso.

“Nunca achei que fosse um bom imitador do Silvio Santos. Mas passei a estudá-lo muito, comecei a usar anel parecido no dedo mindinho, relógio, pulseira, comprei o microfone igual”, conta. “Primeiro eu fiz uma réplica do microfoninho. Para isso serviu meu curso de torneiro mecânico (risos)“, continua. “Depois pedi para um amigo comprar um igual na Alemanha, em uma loja de relíquias.” Ambos os microfones funcionam. “Meu Silvio de hoje está até melhor que o original”, acredita o humorista, que falou sobre o sucesso, convites da concorrência e sobre seu processo de criação.

Preparando um show solo para 2010, Ceará revira gravações antigas para escolher quais sátiras subirão ao palco. “Até seis meses atrás, eu não me via na TV. Achava que estava tudo péssimo, queria refazer”, conta. “Agora estou abrindo meu baú de personagens, de piadas, tudo para o meu show. É estranho ver que muita gente estava enganada”, continua. “Eu tinha tudo para não dar certo como humorista: tinha a voz fina, não tinha visual engraçado, até me diziam que eu não daria certo porque eu sou bonito demais para o humor (risos).”

JustificarPapo Rápido:

Como começou a parodiar famosos?

Me interessei por imitação logo no início da carreira. Comecei imitando Pelé, Silvio Santos e Maluf. Bom, achava que imitava. Fiz meu primeiro show solo em 1991. Geralmente lotava. Lotava de cadeiras e mesas vazias e garçom reclamando que queria ir embora (risos).

Qual é sua tática para imitar uma personalidade?

O lance é pegar frases e trejeitos da pessoa e exagerar. Mas tem imitação que vem quase sem querer. Em 2002, quando eu fazia Paulo Jalaska na rádio e morava em uma república da Jovem Pan…

Você morava em uma república da Jovem Pan?

É um apartamento da rádio generosamente cedido para radialistas sem casa e sem grana como eu, na época. Era mais divertido que A Fazenda (risos). Um dia na república, liguei a TV e peguei o Márcio Canuto gritando muito, claro. Minutos depois estava na rádio fazendo o Marcio Canudo (risos). A Gaby já foi mais difícil, porque ela está na mesma faixa de voz, para mim, que a imitação do Clodovil. Eu tenho que me policiar, quando percebo, já estou fazendo o Clô (risos).

A Marília (Gabriela) gostou da imitação, não é?

Logo que comecei a gravar a Gaby Herpes, ela me ligou. Achei que iria pedir para parar de imitá-la. Levei um susto, porque ela ligou para dizer que estava “adoooraaando” (imita a voz da jornalista). Foi o filho dela que pediu para ela assistir ao Pânico. Tomei coragem e a convidei para ser entrevistada pela Gaby Herpes. Ela pediu autorização da Globo e semanas depois gravou comigo. Foi bom demais. Não acredito até agora.

Em algum momento você achou que o sucesso do ‘Pânico’ seria passageiro?

Muita gente falava isso, mas eu acredito no nosso trabalho. A gente começou junto sem salário. O Emílio (Surita) saía para as ruas com a câmera nas mãos. Eu levava minhas perucas, minhas roupas para fazer os personagens… Somos uma equipe mesmo.

É o que segura vocês juntos? Porque há convites individuais.

Eu sou um produto. Claro que você tem que ouvir as propostas, mas a vida na TV muda pra caramba. O cara que levou o Gugu para a Record, hoje está no SBT. Tem que saber até onde você pode ir. A quem muito é dado, muito lhe é cobrado. Estou em um grupo de sucesso, e ficarei lá enquanto for importante para eles. Mas tenho que estar satisfeito. Doméstica insatisfeita queima o arroz.

Quer ter um programa só seu?

Claro que sim, mas quero amadurecer meu trabalho. Dar passo maior que a perna? Não.

Você se acha mais ator ou mais humorista?

Tenho DRT de ator, tenho curso na escola do Nilton Travesso. Mas não me considero ator. Talvez um atormentado, um atordoado (risos)…

Trabalhar em dupla é difícil?

Temos uma diferença de idade, humor, cultura. Claro que eu e o Rodrigo (Scarpa, Repórter Vesgo) temos nossas incompatibilidades. Mas a gente aprende com essa convivência. Mas dentro do Pânico não me apego só à dupla. Quando abri minha mente para outras coisas, vieram imitações legais. A tendência das pessoas é se acomodar com o sucesso. Não sou assim.

Qual o limite com famosos?

Essa barreira é complicada, mas melhoramos. A gente aprendeu a rir com as pessoas, fazer os famosos rirem, no lugar de rir das pessoas.

Já travou diante de artista?

Já. Eu acreditava que um dia iria rolar o encontro com o Silvio Santos. Quando aconteceu, fiquei tão concentrado no personagem que não acreditei que ele parou para falar com a gente. Quando cheguei com o material na TV, o Emílio enlouqueceu. Foi quando a ficha caiu e eu não parava mais de contar como foi. Bom, eu falo muito mesmo, sou vacinado com agulha de vitrola.

É difícil administrar egos no ‘Pânico’?

Só quando o cara se acha mais do que é. Hoje tem muito humorista querendo entrar na TV já no Pânico, afinal, o bolo já está pronto. Agora é fácil, ninguém viu o Emílio ralando lá no começo. Já ralei muito antes de pintar o Ceará do Pânico, meu pé continua no chão.

Ninguém te chama de Wellington?

Meu nome é Francisco Wellington. Minha mãe acha lindo, mas tem letras demais. Resolvi então centralizar no apelido Ceará. Não tem erro, ninguém vai escrever com ‘s’ (risos).

Por: Jornal O Estado de SP

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