Dom Casmurro

Quando começa a narrar sua história, Dom Casmurro, sentado numa velha poltrona, está cercado de fotos velhas, lembranças e, sobretudo, dúvidas. Antes de nascer, Bentinho foi prometido ao monastério por sua mãe, que perdeu o primeiro filho no parto. Mas também muito cedo descobriu nos olhos de cigana oblíqua e dissimulada da pequena Capitu um amor maior que o seu por Deus. Sempre muito bem aconselhado pelo fino senso estratégico de Capitu, Bentinho parte para o seminário onde conhece Escobar, seu melhor amigo. Após a saída do seminário, Bentinho e Capitu se casam, mas desde as primeiras semanas Capitu não consegue disfarçar seu fastio com a vida de casada. As visitas constantes de Escobar e sua esposa Sancha não parecem anima-la. Um dia Capitu recebe Bentinho com uma alegria especial: comunica que recebeu a visita de Escobar naquela

tarde, entrega a Bentinho suas economias, e diz estar grávida. Nem a casmurrice do narrador consegue apagar a alegria que sente ao lembrar desses dias, ainda que temperado por um insistente ciúme de Capitu. Escobar falece afogado. Nos anos seguintes, Bentinho vê crescer em seu filho Ezequiel o fantasma da suspeita que o atormentará até o fim dos seus dias: a semelhança com seu grande amigo.

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